NÃO ME APAIXONO MAIS AGORA ME ENCANTO


EU JÁ NÃO ME APAIXONO MAIS, AGORA ME ENCANTO

Eu já não me apaixono mais, agora eu apenas me encanto

Clara Baccarin
Eu já não me apaixono mais, agora eu me encanto.
Paixão é um momento de êxtase, é efeito alucinógeno causado por uma necessidade de vida. Paixão muda a química do corpo, deixa tudo à flor da pele, o sangue corre mais rápido, a vida fica cheia de sensações e de pequenas explosões. Paixão é algo que surge para que as rotinas se quebrem, a monotonia desapareça, e a gente se lembre que ainda está vivo.
A paixão é cega, parece ser uma necessidade de sentir a vida no seu ápice, de sentir vibrações intensas percorrendo as veias; por isso a paixão inventa, é amiga da ilusão, vê mais cor no mundo, transforma o cheiro do ser amado no perfume preferido, acha tudo lindo, louco e imenso, e quer sempre mais uma dose para alimentar essa chama alta e passageira. Pela necessidade de fascinação, vê coisas onde não existem, coloca pessoas no patamar de deuses, chega perto de sentir a perfeição. Mas só pelo tempo que durar… Depois se dissipa em nada e a gente até ri de si mesmo.
Eu já não sinto paixão. Pra mim qualquer ser humano é apenas um ser humano, claro, ainda me admiro com as pessoas, ainda vejo beleza e vontade de ficar perto, de me vincular, ainda sinto arrepios na pele, e tenho sonhos rondando meus pensamentos. Mas, meu coração parece não ficar mais assim cheio de adrenalina a todo momento, é outra vibração o que agora me passa por dentro, é isso o que eu chamo de encantamento.
O encantamento é uma energia mais sutil. No encantamento a gente não vê coisas a mais numa pessoa, a gente não precisa sentir ciúmes, querer saber dos caminhos da vida dela, a gente não precisa ficar inseguro, com medo de que se a gente não chegar muito perto, a queda pode ser muito grande. (Na paixão é assim, porque da ruptura da bolha de ilusão até a realidade, a queda é longa). No encantamento não há queda, pois já estamos com os pés no chão. É um sentimento consciente, lúcido, que não cria coisas extras, fantasias e apetrechos para enfeitar a vida; o encantamento enxerga da pele pra dentro. Quem aprende a se encantar por pessoas, fica empático, vira observador, sorri com detalhes pequenos, essas coisas que quase passam despercebidas, mas revelam tanto do interior de uma pessoa.
O encantamento se interessa por seres que brilham de dentro pra fora. Se interessa pelo jeito de viver, pelo tom de voz, pela forma de olhar. O encantamento sabe ver pessoas de verdade, conecta um humano no outro, rompe grandes expectativas, cria meditação e amizade. A vida vira uma contemplação.
O encantamento é a surpresa boa de encontrar uma pessoa tão bonita no mundo. E isso, por si só, já é uma grande alegria.
Não importa se a pessoa é minha, dela ou de mais ninguém. A felicidade é ter o prazer desse encontro e é saber que ainda existem pessoas que valem a pena sentir.
O encantamento se satisfaz com um aprendizado compartilhado, com momentos de verdade, com carinho, amizade, trocas de qualquer tipo…
No encantamento o coração não fica descompassado, o estomago não queima, as emoções não vão de um extremo à outro dentro da gente. Isso é paixão. No encantamento a gente reaprende a respirar mais profundamente, a não se preocupar com o caminhar de cada um, a gente gosta da troca, e ela é mais saudável e menos exigente.
A paixão é um foguete que se perde no espaço, o encantamento é um pássaro planando no ar.

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