TEMPO - O MESMO QUE TE FAZ SORRIR, TE FAZ CHORAR


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Em "...E o vento levou" há uma citação na primeira meia hora do filme , dizendo que não devemos desperdiçar tempo pois a vida é feita dele.
No mundo empresarial, dizer que tempo é dinheiro é bastante comum. Porém, tempo é mais do que dinheiro. Tempo é vida. Sim, o tempo é a matéria-prima da vida como o trigo é a matéria-prima do pão. Desperdiçar tempo ou fazer alguém desperdiçar é desperdiçar vida, o nosso bem maior.
Podemos ressarcir o dinheiro roubado ou perdido. Podemos repor um objeto quebrado. Mas não podemos devolver o tempo perdido. Por tal razão, é tão importante levarmos a sério o valor do tempo. Não devemos considerar o tempo apenas no sentido de fechar feridas e embaçar a vista para memórias devastadoras. Devemos pensar a questão do tempo como sinônimo da própria vida e da necessidade de torná-la significativa.
Não devemos nos deixar levar pelo tempo como se ele fosse uma fonte inesgotável. E se algumas dores apenas o tempo cura, por outro lado, o tempo mal aproveitado pode nos fazer perder amigos, desistir de sonhos, deixar o amor em segundo plano, abandonar a nós mesmos.
O mesmo tempo que te faz "esquecer" uma decepção, é o tempo que nos afasta das pessoas e coisas que mais amamos. Falamos constantemente que nos falta tempo. Mas o tempo que nos falta é para descansar, para rir, para criar, para ver os amigos, para brincar com os filhos, para namorar o marido/esposa, para fazer aquilo que realmente importa.
A nossa sociedade altamente competitiva está drenando o nosso tempo, isto é , a nossa vida por meio de um canudinho de pseudo felicidade. Temos tempo para stalkear a vida alheia, mas não temos tempo para tomar um café ou chope com os amigos. Tempos tempo para ir à academia todos os dias , antes do trabalho, mas não temos tempo para ficar com a família. Temos tempo para ler todos os livros motivacionais que a nossa empresa indica, mas não temos tempo para ler o que realmente nos interessa.
Falta tempo também para o ócio criativo. Sim, o ócio quando bem aproveitado é uma período riquíssimo para descobrir soluções inusitadas para a vida, além de ser muito relaxante. Mas para a nossa sociedade, relaxar parece coisa pouco importante, quase supérflua. Relaxa-se quando todo o resto já foi feito.
Não é à toa que as pessoas investem muito mais tempo e dinheiro em drenagens linfáticas e massagens redutoras de medidas do que em massagens relaxantes que reequilibram as energias do organismo. Não é à toa, que as pessoas investem muito mais tempo e dinheiro em roupas, bolsas e sapatos que visam proporcionar uma imagem de status do que em fazer uma boa terapia para reestruturar questões essenciais que poderiam aumentar incrivelmente a qualidade de vida. A maioria prefere tomar Rivotril e/ou ler livro de autoajuda. Não é a toa que sabemos mais sobre fatos e pessoas que estão do outro lado do mundo do que sobre aqueles que estão ao nosso redor.
Podemos perder tempo também quando insistimos em escolhas erradas. Quando estamos desconfortáveis em um lugar e permanecemos por comodismo ou medo de mudar. Tem gente que insiste em continuar uma faculdade que odeia, um relacionamento amoroso vazio ou se deixa enredar por uma série de pequenos compromissos e dinâmicas sociais que nada acrescentam e só nos sugam.
Reclamamos da falta de tempo, mas não sabemos aproveitá-lo. Em muitos outros casos, até sabemos, mas a dinâmica social e a necessidade de matar um leão por dia nos impede de colocar em prática o que entendemos e sentimos. Criar um esquema de vida que preserve para nós o máximo possível de tempo é uma arte preciosa. Cabe a cada um de nós descobrir por qual vazamento o nosso tempo está sendo escoado.
Muito tempo nas redes sociais? Está trabalhando além do necessário? Está aceitando todos os convites sociais por mera educação? Está obcecado demais com os cuidados com a aparência? Está fazendo cursos que não são realmente importantes para a sua carreira? Aprender a dizer não e selecionar o que é realmente urgente e/ou importante me parecem os primeiros passos para começar a resgatar mais tempo. Porém, estas dicas são generalizantes e insuficientes para reconstruir qualquer existência. Sim, somos nós que precisamos criar a nossa própria receita. Somos nós que precisamos descobrir onde estão as faltas e excessos. Mas no final das contas, esta "perda de tempo" realizando este tipo de planejamento se tornará o maior dos investimentos.


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