DOENÇAS MODERNAS

Jovens e adultos são vítimas hoje de aneurisma, câncer e problemas no aparelho circulatório


Luciana Abade


BRASÍLIA


Os números impressionam: 283.927 brasileiros morreram, em 2005, vítimas de doenças do aparelho circulatório. As neoplasias malignas, conhecidas popularmente como cânceres, mataram 147.418 pessoas no mesmo período. As doenças da modernidade são as que mais matam atualmente no Brasil. Os avanços econômicos conquistados pelo país ocasionaram a rápida urbanização e mudaram o perfil epidemiológico brasileiro. As doenças cardiovasculares que eram responsáveis por 12% dos óbitos em 1930, quando quase metade da população morria de doenças infecciosas e parasitárias, são hoje as principais causas de óbito. É o que mostra o estudo Saúde Brasil 2007, divulgado, ontem, em Brasília, pelo Ministério da Saúde.


A expectativa de vida do brasileiro subiu de 69,3 para 72,7 anos nos últimos dez anos. Mas, como revela o estudo, o brasileiro precisa agora investir na mudança de hábitos para viver melhor, uma vez que as doenças crônicas estão ligadas ao sedentarismo, ao consumo de álcool, tabaco e à alimentação inadequada. Essa mudança pode evitar muitas mortes prematuras. De acordo com o levantamento, 413.345 pessoas morreram antes de completar 60 anos. O número corresponde a 41,2% do total de óbitos de 2005.


- É preciso investir em prevenção - defende Alexandre Brick, da Sociedade Brasileira de Cirurgia Cardiovascular. - No Brasil, investe-se em tratamento de doenças, enquanto deveria investir em prevenção. Isso sim é direito à saúde.


Regiões


Os números variam por regiões. Os cânceres são a segunda causa de morte no Sul e Sudeste e a terceira para as demais regiões. Segundo o levantamento, apenas 10% das neoplasias têm origem genética. O estilo desregrado de vida é responsável pelos outros 90%.


A violência é a terceira causa de óbito no Brasil. Os homicídios ocupam o primeiro lugar, seguidos dos acidentes de trânsito. Mas a taxa de homicídio caiu entre 2003 e 2006 de 28,6 por 100 mil habitantes para 25,4. A diminuição do risco de morte por homicídio no Brasil caracteriza-se pela redução dos casos na região Sudeste, principalmente nos Estados do Rio de Janeiro e de São Paulo.


Os acidentes de trânsito ocupam a segunda posição entre as mortes por causas externas. Foram 35.155 óbitos só em 2005. A maioria das vítimas eram homens (82%), com idade entre 20 e 59 anos e moradores de cidades pequenas e médias. Os idosos são os que mais correm risco de morte por atropelamento, enquanto os óbitos de motociclistas concentram vítimas na faixa de 20 a 29 anos.


- Existe uma epidemia de mortes de motociclistas - afirmou Otaliba Libânio, diretor do Departamento de Análises de Situação de Saúde do Ministério da Saúde. - Acidentes de motociclistas são a principal causa de atendimento das emergências no país. Em 1990, 300 deles morreram no Brasil. Em 2006, foram sete mil.


Apesar de as mulheres serem a maioria da população, os homens morrem mais. Eles correspondem a 57,8% do total de óbitos registrados em 2005. As doenças isquêmicas do coração, principalmente o enfarte, foram a principal causa da morte, vitimando 49.128 indivíduos. Em seguida vêm as doenças cerebrovasculares, responsáveis por 45.180 óbitos, e os homicídios, com 43.665.


A mortalidade masculina também varia por regiões. Na região Norte, 10,4% dos homens morrem antes de completar um ano. Já na região Sul, esse percentual é de 3,3%. A proporção por mortes por câncer nos homens aumentou 76%, entre 1980 e 2005.


A triste realidade, de enfermidades a acidentes


Idelina Jardim


Há dois anos, a doméstica Maria José de Oliveira Souza, de 53 anos, descobriu "por acaso" o câncer de mama, ao apalpar as axilas durante o banho. Casada e mãe de três filhos, a mulher contou que na família não há histórico da doença e confessou que teve a vida "ao avesso" quando soube que o nódulo media 4 cm. Apesar da notícia, ganhou forças de parentes e amigos e há um ano e meio deu início ao tratamento no Instituto Nacional do Câncer (Inca) na unidade de Vila Isabel, Zona Norte do Rio de Janeiro. Foi depois encaminhada para a sede do hospital, na praça da Cruz Vermelha, no Centro. Simpática e sorridente, Maria José, acompanhada do irmão Paulo Roberto, não se incomodou em falar da doença na saída do Inca ontem de tarde.


- Fiz sete seções de quimioterapia, sendo quatro vermelhas, que são as mais fortes, e o restante, amarelas, porque não estava resistindo. Mesmo assim, ele não diminuiu e agora faço radioterapia - revelou.


Das 25 seções que deverá fazer, quatro já foram concluídas e não há previsão de cirurgia, até o momento. Lembrar do câncer, já foi mais doloroso.


- Quando descobri a doença fiz muitas bobagens. Pedi as contas a patroa, onde trabalhava há cinco anos, vendi minha casa e só chorava. fiquei atordoada - disse, ao lembrar do apoio da família.- Ela me fortalece, meu marido especialmente, que cuida de mim e faz as coisas Ele é tudo - declarou.


A carioca de palavras simples mostrou otimismo na recuperação, e conclama as mulheres para fazerem o auto exame.


- A mulher tem que estar alerta e se apalpar. Procurar um médico se notar algo diferente. Já estou me recuperando, o pior já passou. O próprio médico me disse que eu vou vencer - confessou, enquanto recebia o carinho do irmão.


Trânsito cruel


Em setembro de 2003, o engenheiro Fernando Alberto da Costa Diniz, 61 anos, viveu o drama de ver seu filho, de 20 anos, vítima da violência do trânsito no Rio de Janeiro.


O jovem Fabrício Pinto da Costa Diniz, acompanhado da namorada, procurava pela internet amigos que dirigissem na noite do acidente, e também para que fizessem companhia às três amigas dela. O engenheiro revelou que um conhecido de dois meses do filho, Marcelo Henrique Negrão Kijak, de nacionalidade uruguaia e brasileira, ofereceu-se para ser o motorista e, do carro do pai, fez um brinquedo de corre-corre. O rapaz teve a prisão preventiva decretada na época, não compareceu a nenhuma audiência e está foragido da Justiça. Dos cinco jovens, apenas o motorista e uma das meninas carona, sobreviveram. O filho de Diniz, que estava no banco de trás, hoje deixa a saudade no pai, que criou a Ong Trânsito Amigo - que conscientiza condutores e auxilia familiares de vítimas do trânsito.





- Passaria por todo esse sofrimento de novo, só para viver outros 20 maravilhosos anos ao lado do Fabrício. Era um rapaz sempre disposto a ajudar o trabalho que faço é por ele e pela sociedade.


Fernando Diniz é autor do projeto de lei 797/07 - em tramitação no Senado - que cria mecanismos para punir com mais rigor os maus motoristas.


Negros são as principais vítimas de homicídios


Brasília


Os dados de homicídio levantados pelo estudo Brasil 2007 do Ministério da Saúde variam de acordo com a faixa etária, gênero e região. Mas os negros são as maiores vítimas de homicídio independentemente do sexo, região e tamanho dos municípios. Apenas no Paraná o risco de morrer assassinado é semelhante para brancos e negros. Já na Paraíba, a chance de um negro morrer por homicídio é nove vezes maior que um branco.


Para a coordenadora de Doenças e Agravos Não-Transmissíveis do Ministério da Saúde, Marta Silva, isso ocorre porque os negros sofreram exclusão social durante um longo período da história e, por isso, têm menos acesso ao serviço de saúde, menor escolaridade e os piores empregos.


- Onde o Estado está ausente, as minorias sociais ficam a mercê do crime - afirma Antônio Flávio Testa, sociólogo da Universidade de Brasília (UnB). - O estudo só mostra o que já é de domínio público e registra a contradição estrutural das políticas públicas do Brasil que apostou no assistencialismo.


As doenças cerebrovasculares foram as principais responsáveis pelos óbitos em mulheres pardas e negras. De acordo com o estudo, esses óbitos podem estar associados a tendências genéticas, pelo fato de elas sofrerem mais com a hipertensão, mas também por elas estarem inseridas em contextos socioeconômicos de pobreza.


Além de analisar por raça, o estudou levantou, também, o perfil da mortalidade entre mulheres em idade reprodutiva, com idade de 10 a 49 anos. Elas representavam 65% da população feminina, em 2005. O câncer foi o principal responsável pelas mortes delas em 2005, respondendo por 23% dos óbitos.


O estudo mostra que as doenças ligadas à gravidez e ao parto, conhecidas como doenças maternas, estão estáveis. O motivo, segundo o ministério, é a criação de comitês de investigação, melhoria do serviço obstétrico e acesso a métodos contraceptivos. (L.A.)



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