ESTA MATERIA AGORA NESTE BLOG É PROPOSITAL-O MAL ENTRA E SAI PELA BOCA DO HOMEM LEMBRA? ENTÃO CUIDADO COM A COMELANÇA
O tubo digestório começa na boca, onde se inicia a digestão dos alimentos triturados pelos dentes, umedecidos pela saliva e sob a ação de algumas enzimas (imagem 1). Depois de transformados num bolo pastoso, eles descem pela faringe e alcançam o esôfago, um tubo de paredes musculosas que os empurra até o estômago por meio, de contrações involuntárias controladas pelo sistema nervoso autônomo. No estômago, em contato com o suco gástrico, tem início a digestão das proteínas.
Essas contrações, chamadas movimentos peristálticos, ocorrem também no estômago e intestinos durante o processo de digestão.
Dessa forma, o bolo alimentar passa do estômago para o duodeno, primeiro segmento do intestino delgado (os outros dois são o jejuno e o íleo). No duodeno, desembocam o colédoco, canal resultante da união do cístico (que vem da vesícula biliar) com o hepático (que vem do fígado) e com o canal de Wirsung, que traz do pâncreas enzimas importantes para a digestão.
Na junção entre o íleo e o intestino grosso situa-se a válvula ileocecal. Ceco (parte arredondada e de fundo cego), cólon, reto e canal anal constituem regiões integradas do intestino grosso, onde ocorre a formação das fezes, que serão eliminadas, e a reabsorção da água utilizada durante a digestão.
O cólon (daí a palavra colite) é uma estrutura que sobe pelo lado direito do abdômen, desde o ceco até a altura do fígado (cólon ascendente). Ao virar para a esquerda, transforma-se no cólon transverso, que corre horizontalmente até alcançar a região do baço. A partir desse ponto, começa a descer pelo lado esquerdo do abdômen. É o cólon descendente que termina no cólon sigmoide e este, no reto.
Retocolite ulcerativa é uma doença inflamatória que pode acometer qualquer parte do intestino, desde o duodeno até o reto. Seus sintomas são comuns aos de inúmeras outras moléstias do sistema digestório. Por isso, o diagnóstico costuma ser tardio, o que pode causar complicações graves.
CARACTERÍSTICAS
Drauzio – Quais as principais características da inflamação provocada pelas doenças intestinais?
Flavio Steinwurz – Na verdade, a inflamação é uma defesa do organismo contra um agente agressor. Portanto, só se torna uma doença, quando essa defesa não é normal. No caso específico das doenças inflamatórias, ela é anômala, exagerada e acarreta lesões.
Costumo me valer de uma comparação bem simples para explicar o que acontece. Diante de uma formiga em nossa casa, o problema acaba se a espantarmos ou pisarmos nela. Jogar o computador em cima da formiga é um ato exagerado para livrarmo-nos de uma ameaça insignificante. No que se refere às doenças inflamatórias que acometem o intestino, a resposta da defesa é uma reação anormal que lesa o próprio intestino e causa feridas ou inflamações persistentes.
Drauzio – O que diferencia a retocolite inflamatória das demais doenças inflamatórias que acometem os intestinos?
Flavio Steinwurz – Entre as várias doenças inflamatórias que acometem o intestino, existem duas chamadas de inespecíficas – a retocolite ulcerativa e a doença de Crohn – de causa e cura desconhecidas. Como não se sabe qual é o fator que desencadeia essas enfermidades, não se pode considerá-las curáveis e elas recidivam. Ou seja, o máximo que se consegue com o tratamento é tirar o paciente da crise, mas ele permanece sujeito a novas crises no futuro.
Tanto a retocolite quanto a doença de Crohn caracterizam-se por inflamações crônicas e exuberantes, que persistem por períodos prolongados e, quando controladas, reaparecem em surtos de atividade de tempos em tempos. A diferença entre elas está no grau de inflamação. Na retocolite ulcerativa, ela é superficial, atingindo a mucosa do intestino grosso exclusivamente. Na doença de Crohn, pode acometer qualquer parte do tubo digestivo. Ela atravessa a mucosa e penetra as quatro camadas da parede intestinal, podendo provocar também fissuras fora do intestino que vão acarretar outras complicações.
Além disso, na retocolite ulcerativa, a lesão é continua na área do intestino agredida pela inflamação, ao passo que, na doença de Crohn, existem ilhas de áreas saudáveis, sem doença. As lesões são salteadas, ou seja, há áreas de intestino normal e áreas doentes.
Drauzio – Como evolui a retocolite ulcerativa?
Flavio Steinwurz – As lesões da retocolite ulcerativa são contínuas, mas podem estar limitadas a certos segmentos do intestino grosso. Conforme a região em que aparecem, recebem denominações especiais: proctite (final do reto), retossigmoide (reto e sigmoide), hemicolite esquerda (parte esquerda do intestino) e colite universal ou pancolite, a mais desagradável de todas, que toma todo o intestino grosso.
Dependendo da extensão e das características da doença, o quadro pode ser mais ou menos grave. Será menos exuberante, se as feridas forem pequenas e superficiais. Quando as úlceras são grandes e, às vezes, confluentes, isto é, uma ferida se junta com a outra, podem provocar mais sangramento. Alem disso, a simples presença desses ferimentos irrita a mucosa intestinal e acelera o intestino, causando diarreia.
SINTOMAS
Drauzio – Quais são os principais sintomas da retocolite ulcerativa?
Flavio Steinwurz - Sangramento é o principal sintoma da retocolite ulcerativa. Os outros são diarreia com sangue, com muco e, eventualmente com pus, se houver infecção, além de cólicas, em razão do aumento das contrações intestinais. Por causa da diarreia, muitas vezes, o paciente deixa de alimentar-se adequadamente, pois sempre que come tem vontade de evacuar e acaba perdendo peso.
Drauzio – Essa relação entre a alimentação e a necessidade de ir ao banheiro é muito importante na retocolite ulcerativa…
Flavio Steinwurz – Normalmente, quando comemos, todos temos vontade de evacuar, porque o intestino se movimenta após a refeição, mas é um reflexo simples, tênue. Nos indivíduos com retocolite, esse reflexo é intenso e ele tem urgência de ir banheiro. Muitas vezes, num restaurante, precisam sair rapidamente da mesa. Quando voltam, têm medo de continuar comendo e sentir de novo a premência para evacuar. O resultado é que acabam emagrecendo. Emagrecem pela doença em si, que provoca diarreia e sangramento, e pela dificuldade em alimentar-se adequadamente.
WWWDRAUZIOVARELLA.COM.BR
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