AMOR COM MUITO AMOR


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Cena do filme Atame
Sim, estou falando sobre amor romântico ou amor apaixonado. Aquele tipo de amor que faz as mãos transpirarem e a gente rir que nem bobo só porque o outro existe. Aquele amor que faz a gente consultar o WhatsApp de 5 em 5 minutos. Aquele amor que faz a gente enfrentar um metrô lotado só para roubar um olhar do amado.
Sim, estou falando sobre um tipo de amor sensual, que deseja o outro, o seu suor, o cheiro da sua pele, o calor da sua respiração, o seu olhar fixo e brilhante num barzinho qualquer. Aquele amor que faz quem está ao redor se reverter em sombras, em fumaça, em ideias puramente imaginárias. Os outros casais sempre parecem se amar pouco quando amamos muito. Os outros casais sempre parecem um pouco sem graça enquanto a gente se reverte em molho de pimenta.
Sim, estou falando deste tipo de amor com a minúsculo, menor e vital, que faz o mundo girar. O mundo interior. Este amor meio sujo. Meio malandro. Que está sempre se procurando. Que não liga para decoro. Este amor que bagunça os cabelos, borra o batom, inunda a alma. Este amor que puxa o fio da meia calça. Que puxa o fio do passado como um tricô se desmanchando aos poucos no meio do nosso riso peralta. Este amor que anda por aí , meio trôpego, se achando o máximo, com gosto de vinho barato saindo pelos poros da alma.
Este amor que faz covardes criarem coragem. Que faz seres rastejantes criarem asas. Que faz gente certinha, virar porra louca. Que faz a gente revisar todos os nossos pontos de vista para encaixar o outro.
Sim, estou falando deste tipo de amor que assusta. Que encanta. Que nos fazer sair em disparada num instante e no seguinte, nos congela.
Sim, estou falando deste amor que é mais poesia do que prosa porque não pode ser totalmente explicado nem entendido.
Sim, estou falando deste tipo de amor que é mais arte contemporânea do que clássica. Embora os sintomas deste tipo de amor sejam milenares...
Sim, estou falando deste tipo de amor que mais se parece com filme alternativo do que sessão pipoca regada à manteiga. O amor romântico é o mais banal dos sintomas e ao mesmo tempo é único, pois ele é uma das poucas coisas capaz de nos salvar de nós mesmos, da nossa mesmice, do nosso comodismo modorrento, do nosso medo, das nossas mesquinharias, do nosso sexo meia boca, das nossas relações sem vida.
Sim, só quem experimentou e se lambuzou com o amor romântico pode entender o quanto é insuportável viver uma relação banal. Só quem se embriagou com a alegria do amor apaixonado, pode saber o quão puro e louco ele é.
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TEXTO DE SILVIA MARQUES

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