QUANDO TUDO FOR ESCURIDÃO,ACENDA-SE
O que não falta nesse mundo é gente louca para roubar a nossa luz, a nossa vontade e até mesmo a nossa ousadia. Parece absurdo, mas pode acreditar, tem gente que sente inveja até das dificuldades que enfrentamos! A explicação para esse fenômeno é simples: a dita cuja pessoa olha para a nossa coragem enquanto lutamos, mas não tem a menor ideia do quanto aquela coragem nos custou, em persistência, determinação, renúncias e resiliência!
O invejoso olha para a nossa vida a partir de uma lente reducionista, por meio da qual só vê a parte que lhe interessa. O invejoso olha para as nossas lutas e as avaliam como infinitamente mais fáceis do que as que ele precisa enfrentar. O invejoso olha para nossas conquistas e tem absoluta certeza de que não as merecemos e de que elas ficariam perfeitas em suas vidas. O invejoso agride porque não tem competência para admirar nossa serenidade. O invejoso inventa histórias com o objetivo de nos diminuir perante o outro, simplesmente porque se sente tão pequeno e pouco, que precisa inverter a lógica do merecimento.
Lidar com gente é uma tarefa árdua, complexa e desafiadora. Exige de nós doses consideráveis de flexibilidade, tolerância e paciência. Mas, também, exige de nós firmeza e capacidade de estabelecer limites. Excesso de tolerância pode passar ao outro a falsa impressão de que somos pouco importantes, de que precisamos estar sempre disponíveis ou de que não há necessidade de reciprocidade no relacionamento.
Não raras vezes abrimos nossas vidas à visitação sem ter o cuidado de pedir ao outro que tenha a gentileza de limpar os pés antes de entrar. Não poucas vezes, fazemos das tripas coração, só para não deixar de atender um pedido, uma súplica ou uma solicitação, sem nos importarmos com o fato de que estaremos tirando de nós mesmos tempo, presença e atenção.
E é claro que esse mundo anda muito esquisito porque parece estar na moda ser egoísta, individualista e seletivo quanto a quem merece ou não merece a nossa compaixão. E, não, não há aqui uma contradição em relação a toda a linha de raciocínio desenvolvida até aqui nesse texto. Aqui, faço um convite à reflexão. Aqui, proponho um exercício de equilíbrio nas relações. Aqui, pergunto a você, porque estou longe de ter todas as respostas… O que devemos fazer quando percebemos que estamos há tempos permitindo que o outro roube a nossa luz? O que devemos dizer ao outro para que ele perceba que estamos esgotados e que, de vez em quando, é preciso trocar de lugar? Quais são as palavras certas a dizer para que o outro entenda que não gostar do que ele fez, deixou de fazer, falou ou deixou de falar não determina que nós deixamos de querer bem?
Ahhhh… como é difícil conviver, não é? No entanto, não há nada mais bonito do que o aprendizado da convivência. Não há nada mais importante do que a nossa disponibilidade para aprender a dar e receber ajuda, colo, amizade e amor. E se estivermos apagados e frios, não seremos capazes de enxergar as possibilidades, porque os olhos congelados de vida não são capazes de contemplar o outro, com suas luzes e sombras. Sendo assim, quando tudo for escuridão… acenda-se! Revelar-se forte na compreensão da fragilidade da vida é um argumento contra o qual não é possível discordar!
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