EMAGRECER OU SE ACEITAR? ERIKA ELENBAAS NOS COLOCA FRENTE A FRENTE COM ESTA PERGUNTA SÉRIA E VITAL PARA NÓS QUE PASSAMOS DO PESO.O QUE VOCE RESPONDERIA? LEIA A MATÉRIA E RESPONDA COM HONESTIDADE PARA VOCÊ MESMA.

Emagrecer ou se aceitar? Eis a questão

Um post para mulheres revolucionárias
Para quem acompanha o blog sabe o quanto defendo ser feliz, ser saudável e se amar em qualquer peso. Eu realmente acredito que peso não deve ser medida para o sucesso ou para a felicidade de ninguém, mas também sei que muitas de vocês continuam perdidas sem saber se devem dar ouvidos a vontade antiga de emagrecer ou as mensagens de amor-próprio e autoaceitação que, felizmente, vêm crescendo ultimamente.
Eu sei porque já estive exatamente na mesma situação, com medo de emagrecer e me deixar levar pelo apelo da mídia em ter um determinado tipo de corpo, mas com medo também de ter que me conformar com as dobras nas costas que continuavam aumentando.
Eu queria ser magra não por me odiar sendo gorda, mas para saber o que é acordar todos os dias se sentindo bem com o corpo que você tem. É claro que muitos se sentem bem acima do peso, mas esse não era o meu caso. Aquilo parecia um sonho para mim que só poderia ser realizado quando eu decidisse esquecer do meu orgulho e ideias feministas e me jogar de cabeça nas revistas fitness. Parecia impossível combinar inteligência e senso crítico com um corpo magro, pelo menos para mim.
Por isso, o meu recado hoje é para quem está vivendo este dilema de “emagrecer ou não emagrecer, eis a questão”.
Você com certeza já sabe da existência do mundo plus size, assim como já deve ter ouvido falar do movimento para aceitação do corpo, da luta contra a gordofobia, do movimento Health at Every Size (HAES; em português: Saúde em Qualquer Tamanho), do feminismo e das campanhas pelo amor-próprio, como os #100diasdeamorproprio, por exemplo. Todas essas movimentações defendem que devemos nos amar como somos e devemos ser respeitadas por isso. Que somos suficiente e merecemos amar e ser amada qualquer que seja o nosso tamanho. Mas e quando você quer emagrecer? E quando você se ama e quer emagrecer para se sentir melhor e mais disposta?
Beauty, Kustodiev, 1915
BEAUTY, KUSTODIEV, 1915
Quando a vontade de emagrecer surge, imagino que diversas vozes possam te deixar confusa em relação ao que fazer: emagrecer ou aceitar o corpo que você tem.
Eu tenho enorme admiração e respeito por todas essas forças que promovem o fortalecimento das pessoas, tanto é que criei os #100diasdeamorproprio, que não são focados apenas no amor ao corpo, mas abordam claramente a importância da autoaceitação. E, por isso mesmo, entendo que pode parecer que certos movimentos são contra o emagrecimento, mas isso não é necessariamente verdade. Esses movimentos estão aí para te dar o poder de escolha e não para te obrigar a ser de determinada forma.
Aqui vão algumas ideias para te ajudar a desconstruir possíveis “verdades” que te deixam confusa:
  1. Você pode se amar e se aceitar e mesmo assim querer uma realidade diferente para o seu corpo. Sério, você pode!
  2. Querer emagrecer não significa que você está sendo corrompida pelos padrões midiáticos. Você pode escolher emagrecer e estar completamente ciente de que não é uma alienada.
  3. Você não precisa se odiar profundamente para almejar ter um corpo mais magro, então não há porque escolher entre os movimentos pela autoaceitação e o emagrecimento. Faça uso de tudo o que você tem disponível para se sentir bem.
  4. Não é preciso se manter acima do peso para se mostrar contra o machismo.
  5. Você pode emagrecer e continuar acreditando que gordofobia é um tipo de preconceito tão repugnante quanto qualquer outro. Não é preciso estar acima do peso para ver a injustiça social contra as minorias.
  6. Você pode emagrecer e continuar apoiando o movimento plus size.
  7. Não é porque você quer emagrecer que você está virando as costas para as pessoas que não decidiram fazer o mesmo. Cada um tem uma trajetória. Escolha a sua.
  8. Você não precisa sentir orgulho de ser gorda, nem tampouco orgulho de ser magra. Sinta orgulho de ser você, e ponto.
  9. Ser gorda não é sinônimo de ser forte. Muito menos de ser fraca.
Se você faz parte do grupo de mulheres revolucionárias que acreditam que mudar o mundo é mais importante que mudar o corpo, parabéns! Você é inspiração para muitos e deve continuar lutando pelos seus ideais. Mas, cá entre nós, se você também quer mudar o seu corpo, vá em frente; querer emagrecer não desmerece em nada os seus ideais. As razões para você emagrecer são suas e somente suas. O corpo é seu e as regras são suas.
Quando escrevi sobre a romantização da magreza, tentei deixar claro que ser magra não é resposta para tudo na vida, nem tampouco garantia de felicidade, mas também sei que estar acima do peso para algumas pessoas pode pesar mais do que alguns quilos.
Você não precisa escolher entre se amar, se aceitar ou mudar. Você tem a liberdade de experienciar tudo isso. Permita-se.

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