ALMAS GEMEAS - SOB VÁRIOS PONTOS DE VISTA.
Todos, em algum momento, buscam ou se questionam sobre sua alma gêmea – mesmo que seja secretamente, para evitar que alguém saiba. A busca pela felicidade parece passar pelo encontro da alma gêmea – alguém que nos compreenda e com quem haja uma identificação tão absoluta que não exista espaço para a infelicidade, a dúvida. Alguém que nos complete.
A alma gêmea é um tema antigo que permeia filosofias e religiões.
Platão (427/28 a.C. – 347/48 a.C.), o grande filósofo grego, é o responsável por popularizar o mito das almas gêmeas, com a sua obra “O Banquete”.
Em um dos trechos, Aristófanes (um dramaturgo grego) imortaliza o tema das almas gêmeas, com o Mito do Andrógino. Ele conta que no início dos tempos os homens eram seres completos, com duas cabeças, quatro braços e quatro pernas. E os homens se consideravam tão poderosos que subiram ao Olimpo para destronar os deuses e substitui-los. Porém, os deuses venceram a batalha, e Zeus castigou os homens por sua rebeldia dividindo-os ao meio. Desde então os homens buscam incansavelmente suas metades.
A saudade remete para essa busca pela metade ausente, pela natureza original. A lembrança daquele sentimento inicial de completude é o que impulsiona a busca atual por uma alma gêmea.
Na psicologia, alguns consideram que o termo “alma gêmea” simboliza o arquétipo da afetividade. Os conceitos teriam evoluído ao longo do tempo e o desejo pelo príncipe encantado, o salvador, foi substituído por alguém que se identifique com os ideais do outro – a pessoa ideal, a outra metade, a alma gêmea.
Segundo o Zohar, o principal livro da Cabalá, todos possuem uma alma gêmea, que seria a parte faltante da alma. Isso acontece porque, antes de nascer, a alma é partida em duas. As pessoas passam a vida tentando encontrar aquela que completa a sua alma.
Misticamente trata-se de uma só alma que apenas Deus poderá unir, por ser o único que conhece os pares. Mas a Cabalá ensina também que todos os que entram na nossa vida, até mesmo os desafetos, têm um motivo. Nada acontece por acaso, e temos que descobrir a razão, e aprender. A vida é muito mais do que a busca pela alma gêmea. É um aprendizado.
No Budismo, também se encontram algumas referências antigas a almas que foram geradas juntas e que tentam se encontrar.
No Espiritismo não há dois espíritos exclusivos, criados um para o outro. Alan Kardec negou a possibilidade de existirem espíritos gêmeos. Portanto, as pessoas têm interesses e afinidades comuns, e podem encontrar no seu caminho vários espíritos afins. E a busca pelo grande amor não é mais do que a aspiração da alma por uma felicidade completa.
Para os Espíritas, a Terra está em transição, deixando uma época de expiação para começar uma de regeneração. Por isso, muitas das encarnações atuais são de resgate. Isso significa que a maioria das relações acontece entre um espírito que tem a missão de resgatar outro, e com frequência resulta em casamento.
Mesmo numa época dominada por relações de resgate, também há ligações por afinidade. Por vezes, quando se conhece alguém existe uma sintonia imediata, uma afinidade que vai crescendo nos pequenos detalhes. É aquilo que muitos chamam de almas afins. E, no mundo moderno, essa afinidade acontece até mesmo entre pessoas que se conhecem na internet.
Basicamente, o que emerge das filosofias e teorias, é o conceito de três tipos de alma, que acabam gerando alguma confusão: as almas irmãs; as almas companheiras e as almas gêmeas.
As almas irmãs são aquelas que sentem grande afinidade, têm comportamentos e gostos similares, apoiam-se, ajudam-se, e têm uma confiança instintiva uma na outra (de início sem sequer saberem o porquê). São grandes amigas e sentem ou pressentem quando o outro não está bem. Desejam, acima de tudo, que o outro seja feliz. As almas irmãs podem ou não ser da mesma família e, com frequência, são de sexos diferentes, mas têm uma amizade pura, absoluta, sem qualquer desejo carnal. É uma daquelas amizades imutáveis, que resiste a tudo – ao tempo e à distância.
As almas companheiras são aquelas que, muitas vezes, se apaixonam, casam, têm filhos e se ajudam mutuamente. Existe amor entre elas, mas a sua missão é a de resgatar, ajudar a evoluir. Por isso, é frequente a confusão entre as almas companheiras e as almas gêmeas. Mas o principal objetivo das almas companheiras é o de preparar o caminho para o verdadeiro amor. Estas são essencialmente relações de resgate. As duas almas estão em um processo de aprimoramento para encontrarem o seu verdadeiro par. Podem até ficar juntas durante toda uma vida, mas é fundamental que, se houver uma separação, predomine maturidade e o respeito, para que o crescimento espiritual aconteça.
A alma gêmea é muito difícil de encontrar. Depende de um elevado grau de evolução espiritual, e os dois têm que estar preparados para o amor verdadeiro, absoluto. Este é o estágio máximo de uma ligação entre duas pessoas, por isso é tão desejado e fantasiado.
Brian Weiss tem livro muito interessante sobre este tema. Chama-se “Only love is real” (Só o amor é real).
O encontro de duas almas gêmeas costuma acontecer em circunstâncias invulgares: em um evento entre milhares de pessoas, na internet, em trânsito num aeroporto, no trabalho. As pessoas costumam estranhar-se, resistir, dominadas por uma espécie de medo oculto, como se pressentissem que algo tremendo está para acontecer. É comum que haja dificuldades, vários obstáculos que impeçam a união do casal. Pode até acontecer que os dois vivam em países diferentes ou estejam comprometidos, envolvidos com suas almas companheiras, mas o tempo, e o universo, vão conspirar para que os caminhos deles se aproximem.
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