CARIDADE - VOCÊ SABE O QUE É?

TIPOS DE CARIDADE

Existem graus diferentes de caridade?

Sem dúvida, há o grau que vai desde aquele que dá algumas moedinhas a um cego na rua por sentir pena dele ou para dirimir sua própria culpa até o grau da caridade suprema, que é representada pelos grandes mestres, reformadores e redentores da humanidade. Estes não têm mais a necessidade de nascimentos e mortes, mas permanecem no plano do mundo para auxiliar outros seres a atingirem o mesmo patamar que eles. O exemplo mais clássico desse tipo de caridade é Jesus. Ele renunciou a condição vibratória superior nos planos mais elevados para vir à Terra, ser perseguido, atacado, crucificado e morto pelos seres humanos, e fez tudo por amor à humanidade. A caridade do Mestre que vem ao mundo, e mesmo sofrendo todas as adversidades, nos transmite uma mensagem e seu exemplo de vida é a maior forma de caridade conhecida.

Existe também a caridade dentro de nossas minúscias cotidianas, na convivência com nossos parentes, amigos, colegas, vizinhos e desconhecidos. De que adianta uma pessoa prestar-se a trabalhos sociais durante o dia e a noite brigar e gritar com seus filhos? De que adianta dar esmola aos miseráveis na ida ao trabalho e destratar nosso funcionário? A caridade também reside nos atos diários da convivência humana. A caridade como ato isolado se perde e traz poucos beneficios; a caridade que se incorpora ao nosso ser e orieta nossas ações no dia a dia é sem dúvida a mais digna e nobre.

O ideal mais elevado da dádiva é representado pelo voto do Bodhisatwa, ou seja, dos seres que renunciam às glórias da iluminação e por vontade própria retornam ao mundo para ajudar os seres a se libertarem do lamaçal da ilusão.

Podeis clarear melhor esses níveis?

Sim, podemos estabelecer uma certa ordem de caridade, da mais elevada a menos elevada, apenas com fins didáticos para ilustrar melhor:

Caridade material: Essa é a forma mais restrita de caridade, mas que possui a sua beleza e seu valor. Consiste tão somente em transferir algo que está em nossa posse para uma pessoa em necessidade. Pode ser alimento, bebida, roupas, remédios, agasalhos, cobertores, utensílios, objetos de uso pessoal, dentre outros. Apesar desse tipo de caridade ser o mais simples, ele pode ser imprescindível em algumas situações, e deve vir antes de outras formas de caridade. Por exemplo, uma pessoa com fome não poderá prestar atenção numa palestra que fala sobre amor e virtudes, e preciso que ela se alimente primeiro. Uma pessoa com fortes dores no estômago não conseguirá se concentrar numa conversa de algum assistente social, que veio conversar e lhe dar atenção, é preciso que ela tome um analgésico ou seja tratada por um médico ou terapeuta. Porém, se damos comida a um pobre, no dia seguinte ele estará com fome de novo; se damos remédio a alguém com dor, no dia seguinte a dor pode voltar, caso o fator que gera a dor não tenha sido tratado. Nesse sentido, a caridade que consiste em dar algo é a mais simples, a mais trivial, mas em certos momentos tem uma importância crucial. Quando damos algo com amor, nossa caridade é muito mais eficaz. Na realidade, o valor da caridade depende mais da intenção de quem dá.

Caridade emocional: A caridade emocional já está em outro nível. Aqueles que não possuem coisa alguma material para dar a outrem, podem perfeitamente praticar esse tipo de caridade. Ele consiste em dispor nosso tempo, carinho, atenção, a dialogar com as pessoas, transmitir afeto, levantar seu ânimo, inspirar-los, dentre outros coisas que podem ser feitas esse nível. Uma pessoa sem posses não precisa ausentar-se de fazer o bem, pois melhor do que dar alguma coisa, é dar de si mesmo, é reservar tempo e energia para acolher um ser humano em suas demandas emocionais por afeto e compreensão. Colocar-se no lugar do outro, tentar sentir o que ele está sentindo, ser empático e compassivo, tudo isso tem um profundo valor espiritual. Como dissemos, na medida em que fazemos o bem, mais bem retorna a nós; quanto mais amor transmitimos, mais amor regressa a nós. Dar o nosso amor a outros é uma das maiores dádivas que podemos realizar em vida.

Transmutar o karma do outro: A transmutação do karma de outros é um tema ainda bem desconhecido. Ele consiste numa transmissão dos erros do outro, ou seja, de todas as ações errantes que geram consequencias e que estão prestes a se maifestar ou que já se expressaram em alguém. Neste caso, uma pessoa que ama muito a outra pode, em alguns casos, fazer a captação desse karma e transferi-lo para si mesmo, onde poderá neutraliza-lo ou não. Por exemplo, uma das filhas de um homem está seriamente doente no hospital. Ele teme que sua filha morra em pouco tempo, e se nada for feito, é provável que ela atravesse os portais da morte em breve. Sabendo disso, o pai faz uma oração pedindo que o sofrimento da filha seja transferido para ele, ou seja, que ele sofra no lugar dela. Pouco tempo depois a filha melhora e ele cai doente. O pai se coloca no lugar da filha e toma para si o seu sofrimento, em outras palavras, o seu karma. Essa também pode ser considerada uma forma de caridade, posto que nos colocamos à mercê do sofrimento para que o outro não sofra. Vemos alguns mestres espirituais realizando tal fenômeno. Por exemplo, Padre Pio de Pietrelcina fez uma oração e pediu que ele pudesse tomar para si o sofrimento das pessoas e foi o que começou a acontecer. As dores, as doenças e os sofrimentos de várias pessoas eram absorvidos por ele, e ele começava a sentir o que a pessoa estava sentindo. Dessa forma, a pessoa se libertava daquele karma. Sri Yukteswar, mestre de Paramahansa Yogananda, teve uma ocorrência de um cancer que era o karma que ele estava puxando de alguns de seus discípulos. Os mestres fazem isso para ajudar os discípulos a evoluir mais rapidamente, sem que precisem perder tempo enfrentando um karma que só atrasaria a sua caminhada. O mestre de Swami Rama fez o mesmo ao curar um menino com lepra. Porém, os mestres conseguem otmar para si o karma e transmuta-lo depois, mas uma pessoa comum nem sempre consegue tal coisa. Quando o padre orou à saúde de Madre Tereza de Calcutá pedindo a Deus que levasse ele ao invés dela, passado algum tempo ele morreu e ela conseguiu sobreviver. De qualquer forma, esse é um ato de renúncia e de verdadeira caridade. Porém, esta transmutação tem as suas limitações: caso a pessoa não modifique as crenças, as inclinações e os comportamentos geradores do karma, uma nova carga kármica será gerada, e estaremos apenas adiando algo. Por isso que os mestres espirituais preferem realizar tal feito com seus discípulos, que já se encontram no caminho de prática e aprendizado espiritual, e estão refinando seu caráter.

Transmitir ensinamentos de libertação espiritual: Acima da transmutação do karma alheio está o ensinar, o transmitir conhecimento sobre a libertação da alma. Como já dissemos, se alguém tem seu karma dissipado pelo amor e compaixão de uma alma abnegada, ele pode, num futuro próximo, voltar a cometer as mesmas faltas, realizar novamente ações negativas geradora de karma, e pouco valor terá o sacrifício feito pela alma de luz em se livrar daquele karma. Mas se alguém se presta a transmitir meios para a sua libertação, esse faz mais e melhor. Da mesma forma, um pai que ensina seu filho a lavar-se quando se suja é mais proveitoso do que ficar sempre limpando a criança. É sempre preferível ensinar o outro a ser independente no sentido espiritual, a não depender nem de professores, nem de mestres ou sábios, mas aprender a liberar-se por si mesmo. O conhecimento espiritual transferido à humanidade é um dos melhores meios de trazer a paz, a justiça e a harmonia ao mundo. O conhecimento liberta o homem; a prática de ensinamentos espirituais ajuda a eleva-lo. Poucas coisas são mais eficazes para a redenção do mundo do que a transmissão de ensinamentos espirituais profundos. Conhecimento é algo que não se esgota quando passado a outrem. Ao contrário, quanto mais transferimos nosso conhecimento, aumentamos nosso estoque. Quando uma pessoa detém uma informação, passa adiante e outros a retém, ela não perde a informação e ainda aumenta a quantidade de pessoas informadas. O sábio não perde quando ensina, ao contrário, ele só ganha. Vale destacar que mencionamos aqui a transmissão de conhecimentos elevados, geralmente realizada por almas mais avançadas que estão trilhando o Caminho. Por outro lado, distorcer os ensinamentos espirituais intencionalmente, desviando buscadores sinceros de seu objetivo – tal como fazem os falsos profetas da atualidade – constitui erro gravíssimo e causa geradora de um karma muito pesado.

Almas redentoras ou reformadoras: Observamos que as almas redentoras ou reformadoras, os mestres que vem à Terra, realizam todos os tipos ou níveis de caridade que aludimos aqui, do primeiro ao último. Mas eles dão preferência aos níveis que categorizamos como os mais elevados, posto que são os mais eficazes para a regeneração da humanidade. De qualquer forma, quando um avatar nasce na Terra, ele lança mão eterna alegria e glória espiritual da fonte divina que ele conquistou, tudo isso para vir ao mundo e poder livrar seus irmãos humanos do erro, da morte e do sofrimento. Abdicar da bem-aventurança eterna para nascer num mundo ilusões e caos é, sem dúvida, a maior forma de caridade praticada, e o ponto máximo de amor que um ser pode sentir por outros. As almas redentoras ou reformadoras são em número reduzidíssimo, vem à Terra de tempos em tempos, mas quando estão aqui lançam a luz no mundo e criam uma aura de paz e evolução. Como disse Buda: “Não busco recompensa alguma, nem mesmo renascer num paraíso; procuro, porém, o bem dos homens, procuro reconduzir os que saíram do Caminho, alumiar os que vivem nas trevas e no erro, banir do mundo toda pena e sofrimento.” As almas redentoras obram mais detidamente nos tres ultimos níveis citados aqui, a transmutação do karma, o treinamento de discipulos e a transmissão de ensinamentos sobre a libertação das almas. Um exemplo de transmutação do karma planetário foi o que Jesus realizou em favor do planeta. Jesus, no momento em que estava na cruz, penetrou na aura planetária e realizou uma verdadeira higienização em sua psicoesfera, purificando uma parcela do karma da humanidade. Ele puxou para si uma parte do sofrimento humano e o transformou. Por este motivo se diz que Jesus foi “o cordeiro de Deus que tirou os pecados do mundo” ou que praticou a “remissão dos pecados”. Ele é chamado de “o redentor” dos homens. Não apenas Jesus, mas outras grandes almas que vieram à Terra também tiveram a missão de, por um ato de amor, redimir a humanidade de seus erros e sofrimento. Obviamente que a abrangência dessa transmutação é muito superior à que citamos no nível de caridade precedente. Quando ela é realizada por um avatar, um redentor ou reformador, ela tem uma amplitude e profundidade maior. Se de tempos em tempos almas evoluidíssimas não viessem a Terra para purificar o karma humano, haveria um desequilíbrio na aura do planeta. As almas redentoras ensinam não apenas por palavras, mas principalmente pelo exemplo de vida. A história dos mestres da humanidade, cada um dos seus atos, cada acontecimento, cada momento de sua existência é um sinal, um simbolo de um ensinamento elevado; é uma personanificação de uma lei natural, de um princípio espiritual, de uma qualidade elevada de carater, uma lição de moral, enfim, uma fonte de sabedoria não-verbal e acessível a todos. Servir de modelo e exemplo é uma forma de ensinamento universal, e qualquer pessoa pode aprender tentado imitar suas ações e seguindo os rastros deixados pelo caminho de virtude que as almas redentoras percorreram na Terra.

Voto do bodhisatwa

"Os seres sencientes são incontáveis; prometo solenemente liberá-los.
As ilusões são inesgotáveis; prometo solenemente transcendê-las.
Os ensinamentos do Dharma não tem fronteiras; prometo solenemente dominá-los.
O caminho iluminado do Buda é incomparável; prometo personificá-lo.
Em prol do benefício supremo de todos os seres, sem exceção, através desta vida e todas as minhas vidas, eu me dedico à prática e à realização da iluminação até que todos alcancem juntos essa meta." (Tradição Budista)

Autor: Hugo Lapa 

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