DOENÇA DE CROHN- SAIBA O QUE É
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CLÍNICA GERAL
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ENTREVISTA
Aytan Sipahi é médico gastroenterologista , chefe do Grupo de Intestino do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo.
DOENÇA DE CROHN
Durante milhões de anos, nosso sistema imunológico de defesa foi preparado pela evolução para atacar todos os agentes estranhos que possam penetrar em nosso organismo e para proteger o que é próprio de cada um de nós.
Certas alterações nesse sistema provocam mudanças nessa regulação de tal forma que as células imunológicas se confundem e passam a agredir os tecidos que deveriam proteger.
É mais ou menos isso que acontece com a doença de Crohn, descrita pelo médico Burril B Crohn, em 1932. Células imunologicamente ativas acabam agredindo o aparelho digestivo, da boca até o ânus, em especial a parte inferior do intestino delgado (íleo) e o intestino grosso (cólon) provocando lesões importantes das quais as mais frequentes são aumento da velocidade do trânsito intestinal, diarreia, esfoliação, dificuldade para absorver os nutrientes e enfraquecimento.
Certas alterações nesse sistema provocam mudanças nessa regulação de tal forma que as células imunológicas se confundem e passam a agredir os tecidos que deveriam proteger.
É mais ou menos isso que acontece com a doença de Crohn, descrita pelo médico Burril B Crohn, em 1932. Células imunologicamente ativas acabam agredindo o aparelho digestivo, da boca até o ânus, em especial a parte inferior do intestino delgado (íleo) e o intestino grosso (cólon) provocando lesões importantes das quais as mais frequentes são aumento da velocidade do trânsito intestinal, diarreia, esfoliação, dificuldade para absorver os nutrientes e enfraquecimento.
PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DA DOENÇA
Drauzio – O que caracteriza a doença de Crohn?
Drauzio – O que caracteriza a doença de Crohn?
Aytan Sipahi – A doença de Crohn compromete todo o trato digestivo, da boca ao ânus, em função de um processo inflamatório crônico, extremamente invasivo, que acomete todas as camadas da parede intestinal: mucosa, submucosa, muscular e serosa.
A doença de Crohn é provocada pela desregulação do sistema imunológico, ou seja, do sistema de defesa do organismo. No organismo normal, células que fazem parte desse sistema, os linfócitos, assumem certo estado de vigilância e controlam o processo inflamatório. Na doença de Crohn, em virtude do comprometimento dessa função celular, que implica mediadores inflamatórios e imunidade adquirida, o processo inflamatório passa a ser intenso e ocasiona lesões no aparelho digestivo.
A doença de Crohn é provocada pela desregulação do sistema imunológico, ou seja, do sistema de defesa do organismo. No organismo normal, células que fazem parte desse sistema, os linfócitos, assumem certo estado de vigilância e controlam o processo inflamatório. Na doença de Crohn, em virtude do comprometimento dessa função celular, que implica mediadores inflamatórios e imunidade adquirida, o processo inflamatório passa a ser intenso e ocasiona lesões no aparelho digestivo.
Drauzio – Esse sistema imunológico extremamente alterado vai agredir o próprio organismo.
Aytan Sipahi – É o oposto do que acontece com o HIV. Paciente com HIV tem CD-4 baixo (linfócitos que coordenam a resposta imunológica). Na doença de Crohn, CD-4 está estimulado. Atualmente se imagina que, por predisposição genética, quando o organismo entra em contato com substâncias estranhas, ou antígenos, que podem existir numa bactéria da flora normal do intestino humano, esse sistema imunológico seja muito estimulado.
Drauzio –Quando tem contato com uma bactéria que entra pelo aparelho digestivo, a pessoa normal destrói a bactéria e, pronto, está acabada a resposta imunológica. Na doença de Crohn, haveria uma resposta exagerada que agrediria não só a bactéria, mas o aparelho digestivo.
Aytan Sipahi - Na pessoa normal, a membrana da bactéria estimula uma resposta inflamatória de defesa e, posteriormente, um processo de tolerância. O organismo acaba não reconhecendo a bactéria como corpo estranho e se acostuma a conviver com ela.
Na doença de Crohn, não existe esse processo de tolerância. O organismo desencadeia a desregulação do sistema imunológico que leva à agressão das paredes do trato digestivo. É interessante notar que pacientes infectados pelo HIV melhoram do Crohn, portanto quando estão com a resposta imunológica debilitada. Isso é uma prova de que a doença de Crohn ocorre mesmo por desregulação do sistema imunológico.
Na doença de Crohn, não existe esse processo de tolerância. O organismo desencadeia a desregulação do sistema imunológico que leva à agressão das paredes do trato digestivo. É interessante notar que pacientes infectados pelo HIV melhoram do Crohn, portanto quando estão com a resposta imunológica debilitada. Isso é uma prova de que a doença de Crohn ocorre mesmo por desregulação do sistema imunológico.
FATORES DE RISCO
Drauzio – Você disse que há fatores genéticos envolvidos na doença de Crohn. Há famílias com mais casos da doença?
Drauzio – Você disse que há fatores genéticos envolvidos na doença de Crohn. Há famílias com mais casos da doença?
Aytan Sipahi – A probabilidade de uma pessoa que têm um parente com Crohn apresentar a doença é de 10% e aumenta um pouco se o parentesco for pelo lado materno. Nos gêmeos homozigotos, por exemplo, se um deles apresentar a doença, em quase 85% dos casos, o outro também terá Crohn.
Já se constatou que uma alteração no gene Nod-2 Card 15 do cromossomo 16 determina a produção de uma proteína que, nos monócitos (células de defesa), produz hipersensibilidade de resposta às bactérias do próprio trato digestivo. Está provado também que nem todos os pacientes com doença de Crohn apresentam essas mutações gênicas. Por isso, no momento, a discussão é saber se existe uma ou existem várias doenças de Crohn, uma vez que as alterações dos genes que determinam a resposta inflamatória são extremamente complexas.
Já se constatou que uma alteração no gene Nod-2 Card 15 do cromossomo 16 determina a produção de uma proteína que, nos monócitos (células de defesa), produz hipersensibilidade de resposta às bactérias do próprio trato digestivo. Está provado também que nem todos os pacientes com doença de Crohn apresentam essas mutações gênicas. Por isso, no momento, a discussão é saber se existe uma ou existem várias doenças de Crohn, uma vez que as alterações dos genes que determinam a resposta inflamatória são extremamente complexas.
Drauzio – Quais são os outros fatores de risco para a doença de Crohn?
Aytan Sipahi - Sabe-se que nos países nórdicos, norte da Itália, Canadá, Estados Unidos e nos judeus que foram para Israel, a incidência de Crohn é mais elevada. Isso faz supor que, além da predisposição genética, certas etnias e condições ambientais sejam também fatores de risco.
Drauzio – Apesar de fatores genéticos guardarem relação com a doença e a suspeita recair especificamente sobre determinados genes, sozinhos eles não explicam sua ocorrência. Quais são os fatores ambientais também considerados fatores de risco?
Aytan Sipahi – Crohn é uma doença dos grandes centros urbanos também relacionada com o uso de xenobióticos, tais como conservantes, corantes para alimentos, pesticidas, etc. Nas pessoas com predisposição genética, essas substâncias que no Brasil são adicionadas à comida em grande quantidade, porque não existe vigilância sanitária capaz de deter os abusos, podem estimular o sistema imunológico e provocar a manifestação da doença. Fala-se, ainda, que o uso de estrógeno estaria entre os fatores desencadeantes, mas isso ainda não foi cientificamente comprovado. Não se discute, porém, que a incidência de Crohn é mais alta nos fumantes do que nos não fumantes.
Embora não comprovados, há outros dois fatores interessantes a mencionar. O primeiro é a “teoria do sujinho”. Em Londres, quando melhoraram as condições de higiene graças à construção de banheiros e à maior oferta de água para banho, as crianças deixaram de entrar em contato com os antígenos na infância e não desenvolveram sistema de tolerância eficiente nessa fase, o que justificaria a maior incidência de doença de Crohn. O outro foi observado na Alemanha. A incidência da doença aumenta entre as pessoas que trabalham em ambientes fechados, como os cabeleireiros, por exemplo. A hipótese é que, nesse caso, a menor exposição aos antígenos retarda o desenvolvimento do processo de tolerância e a pessoa fica mais suscetível à enfermidade.
Embora não comprovados, há outros dois fatores interessantes a mencionar. O primeiro é a “teoria do sujinho”. Em Londres, quando melhoraram as condições de higiene graças à construção de banheiros e à maior oferta de água para banho, as crianças deixaram de entrar em contato com os antígenos na infância e não desenvolveram sistema de tolerância eficiente nessa fase, o que justificaria a maior incidência de doença de Crohn. O outro foi observado na Alemanha. A incidência da doença aumenta entre as pessoas que trabalham em ambientes fechados, como os cabeleireiros, por exemplo. A hipótese é que, nesse caso, a menor exposição aos antígenos retarda o desenvolvimento do processo de tolerância e a pessoa fica mais suscetível à enfermidade.
Drauzio – A doença é mais comum em homens ou em mulheres?
Aytan Sipahi – A doença afeta praticamente número igual de homens e mulheres. Talvez, um pouco mais de mulheres do que de homens.
SINTOMAS
Drauzio – Quais são os principais sintomas da doença de Crohn?
Aytan Sipahi – Os principais sintomas são diarreia, às vezes, sinais de muco ou sangue, dor abdominal, febre, emagrecimento. No exame clínico, aparece massa palpável na fossa ilíaca do quadrante inferior direito do abdômen, porque a doença compromete mais o íleo terminal (85% dos casos) e o cólon.
Os pacientes podem apresentar também manifestações à distância, como dores articulares, aftas, lesões de pele do tipo pioderma gangrenoso (ferida com a aparência de um vulcão) e eritema nodoso (doença que provoca ligeira lesão vermelha na subepiderme) e uma inflamação dos olhos chamada uveíte.
Outra complicação são as fístulas, perfurações no intestino que podem drenar para a região perineal, para a vagina e para a bexiga urinária. Às vezes, podem ocorrer pneumatúria (gases na bexiga) e presença de fezes na urina. Na verdade, 30% dos pacientes com doença de Crohn formam fístulas.
Os pacientes podem apresentar também manifestações à distância, como dores articulares, aftas, lesões de pele do tipo pioderma gangrenoso (ferida com a aparência de um vulcão) e eritema nodoso (doença que provoca ligeira lesão vermelha na subepiderme) e uma inflamação dos olhos chamada uveíte.
Outra complicação são as fístulas, perfurações no intestino que podem drenar para a região perineal, para a vagina e para a bexiga urinária. Às vezes, podem ocorrer pneumatúria (gases na bexiga) e presença de fezes na urina. Na verdade, 30% dos pacientes com doença de Crohn formam fístulas.
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