AMOR OU PAIXÃO?

Paixão ou amor?
Resistir à paixão não é tarefa fácil, pois ela não avisa quando vai se instalar. Pode desembarcar no cérebro a qualquer momento a partir da adolescência. Como também é algo regulado por hormônios sexuais e as mulheres entram na menopausa por volta dos 50 anos, os homens mantêm a capacidade de se apaixonar por mais tempo. Apesar de atuarem em zonas distintas do cérebro, a fronteira entre paixão e amor não está bem definida. Para estudar as diferenças dessas fases – e da atração sexual, que é uma terceira emoção e que também ocorre em outra área cerebral –, a antropóloga americana Helen Fisher, da Universidade de Rutgers, de Nova Jersey, montou um quadro com ajuda de neurobiólogos. A primeira etapa para a formação de um casal é a busca pela gratificação sexual urgente. É a ordem para ir à caça, com ação intensa de testosterona. A paixão é a atração por uma pessoa em particular, a tal explosão química, irrigada por dopamina, endorfinas e outros componentes. Se correspondida, deve durar o tempo necessário para se conhecer e se decidir se dá para seguir em frente. Quando o fogo baixa, o relacionamento pode continuar, mas o que conta é companheirismo, apego e vontade de dividir o ninho, procriar e cuidar da prole.
A fogueira da euforia, entretanto, pode ficar sem lenha e nem evoluir para a terceira etapa. “Há gente viciada no mecanismo da paixão, que busca um novo objeto de desejo toda vez que os sintomas passam”, diz Sabbatini. “Nas pessoas, quando isso é muito freqüente, pode haver alguma alteração de personalidade, como bipolaridade”, complementa Teng. E tem a turma que nem chega a se apaixonar. “Alguns conseguem bloquear o processo ativando áreas mais racionais do cérebro”, afirma o psiquiatra. “Normalmente, acontece com quem é inseguro ou ansioso. É quando o medo vence nas decisões. Para não correr riscos, racionaliza a situação e bloqueia.”
Ninguém nega que sentir as borboletas no estômago no início da paixão é uma coisa gostosa. O problema é quando a química toda demora a passar e seus efeitos prejudicam o cotidiano e estressam demais o organismo. Pior ainda é se o eleito não corresponde ao apaixonado, que se deprime e se angustia. O que fazer, nesse caso? Existem drogas, normalmente usadas em tratamentos cardíacos, que podem inibir ou pelo menos reduzir sofrimentos provocados pela paixão. Os efeitos desses medicamentos, porém, são passageiros.

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